Sejam bem Vindos ao meu Cantinho!

Sejam bem Vindos ao meu Cantinho!
"... E o enchi com o meu Espírito. Eu lhe dei inteligência, competência e habilidade para fazer todo tipo de trabalho artístico; para fazer desenhos e trabalhar em ouro, prata e bronze; lapidar e montar pedras preciosas; para entalhar madeira; e para fazer todo tipo de artesanato." Ex 31.3-5

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

INTEMPERISMO

INTEMPERISMO

Chamamos de agentes exógenos ou externos os elementos da natureza que realizam o trabalho de transformar as estruturas físicas e químicas das rochas e transportar, seja a curtas, médias ou longas distâncias, os fragmentos dessas rochas que eles são capazes de desgastar. Entre os principais agente exógenos ou externos temos as chuvas, os ventos, os rios, os mares e o gelo. Eles são capazes de causar tanto o intemperismo quanto a erosão.

Mas qual é a diferença entre intemperismo e erosão?

Intemperismo correponde ao processo de alteração, ou seja, de transformação das estruturas físicas (através da desagregação), ou químicas (através da decomposição) das rochas da superfície terrestre. Já a erosão corresponde ao transporte dos fragmentos de rochas desgastadas, ou seja, o deslocamento de materiais intemperizados. Nesse texto dedicaremos algumas palavras para descrever os principais tipos de intemperismo, suas principais formas de ocorrência e seus agentes causadores.

Como ocorre o intemperismo?
O intemperismo ocorre essencialmente de duas formas, podendo a alteração das rochas ser de caráter físico ou químico. O intemperismo físico corresponde à alteração da estrutura física das rochas feita a partir de uma desagregação mecânica. Por exemplo: quando uma única rocha é dividida em duas partes, ela sofreu uma alteração física e não química pois as duas partes não tiveram sua composição química alterada pela simples quebra da rocha. Para que haja intemperismo químico é necessário que ocorra uma alteração da estrutura química da rocha. O intemperismo físico é típico de climas secos, sejam eles quentes ou frios. Já o intemperismo químico, cuja atuação é mais profunda e importante do que a do intemperismo físico, tem sua ocorrência em áreas úmidas e quentes.

Intemperismo Físico

Vejamos, então, os principais agentes que podem causar o intemperismo físico.

a) Variação de temperatura

A variação diária de temperatura (insolação) e a variação anual (estações do ano) atuam sobre as rochas provocando dilatação (pelo aquecimento ao longo do dia ou do verão) e contração (ao longo das noites ou do inverno). Essa dinâmica de dilatação e contração provoca a termoclastia, ou seja, a fragmentação ou desagregação das rochas pela variação de temperatura. Esse fenômeno é mais comum em climas secos (como os dos desertos) onde ocorre grande variação de temperatura diária e anual. Em alguns pontos do deserto do Saara, as temperaturas superam os 50 graus célcius durante o dia e caem drasticamente para níveis perto de zero grau à noite. O reflexo está na paisagem arenosa, fruto da fragmentação excessiva das rochas do local. Cabe destacar, ainda, que o comportamento dos diferentes minerais, que compõem uma mesma rocha e possuem coeficientes de dilatação distintos, é diferente provocando o "deslocamento relativo entre os cristais, rompendo a coesão inicial entre os grãos". [1]

b) Alívio de pressões
Frequentemente alguns blocos rochosos de grande dimensão que estão posicionados em partes profundas da crosta (chamados de batólitos) e que encontram sobre si um grande volume de rochas que atingem a superfície (chamadas de rochas encaixantes) sofrem um processo de soerguimento. Nesse processo o material da rocha encaixante é erodido e seu peso imenso é retirado, pela erosão, de cima do batólito causando um grande alívio de pressão. Esse alívio faz surgir um conjunto de fendas mais ou menos paralelas à superfície na estrutura da rocha soerguida. Essa alteração (fendilhamento) é de caráter essencialmente físico sendo mais um exemplo de intemperismo. Outras rochas, que não são batólitos, também sofrem intemperismo por alívio de pressão, como ocorre com os gnaisses e os arenitos.

c) Crescimento de cristais
A existência de poros ou fendas nas rochas possibilita o acúmulo de água e de sais (cloretos, sulfatos, carbonatos...). Em regiões frias, o congelamento da água acumulada nas fendas das rochas aumenta seu volume em aproximadamente 9% exercendo forte pressão para o alargamento dessas fendas podendo causar aumento das fraturas e fragmentar as rochas (crioclastia). O acúmulo de cristais nessas fendas também provoca essa abertura. Os cristais podem expandir-se pelo aumento da temperatura.


d) Hidratação de minerais.
"A cristalização de sais dissolvidos nas águas de infiltração tem o mesmo efeito [que o crescimento de cristais*]. Com o passar do tempo, o crescimento desses minerais também causa expansão das fraturas e fragmentação das rochas". [1] Ou seja, ressalta-se aqui o papel da absorção de umidade pelos minerais como agente físico causador de fraturas e, principalmente, esfoliações das rochas.

e) Processos físico-biológicos

A ação mecânica das raízes dos vegetais e de outros organismos também pode provocar a fratura ou a fragmentação das rochas. Quando, por exemplo, as raízes de uma árvore crescem na fenda de uma rocha, elas forçam a sua abertura gerando a desagregação dos blocos separados pela fenda.

Intemperismo Químico

Vejamos, agora, os principais agentes capazes de gerar o intemperismo químico.

a) Oxidação
Sua ocorrência é típica de "ambientes oxidantes" [2], ou seja, os mais úmidos. É mais comum nos íons Fe++ e no Fe+++. Sua evidência mais clara manifesta-se na coloração avermelhada e amarelada das rochas e dos solos gerados pela intemperização dessas rochas.

b) Redução

É o processo inverso à oxidação. O íon Fe++ mantém-se na forma estável. Ocorre preferencialmente em "ambientes redutores" [2], que também são bastante úmidos, saturados de água. O processo resulta em rochas e solos de coloração azualda, cinzenta ou esverdeada.

c) Hidratação

Esse processo ocorre a partir da entrada de moléculas de água na estrutura mineral, modificando-a e dando origem a um mineral diferente. Ocorre também em ambientes mais úmidos.

d) Hidrólise

Sendo as rochas constituídas basicamente por silicatos, quando elas entram em contato com a água, os silicatos sofrem hidrólise e dessa reação resulta uma solução alcalina. Em um feldspato potássico, por exemplo, o hidrogênio (H+) substitui por hidrólise o potássio (K+).
e) Atividade dos ácidos
Os ácidos facilitam a ocorrência do processo de hidrólise (em função do teor H+). Os principais ácidos ativos são o ácido carbônico, o ácido sulfúrico, os ácidos húmicos, etc.

f) Dissolução

A dissolução ocorre quando a água provoca a solubilização completa de um mineral. Esse processo é mais comum em terrenos formados por rochas calcárias, que são mais suscetíveis à dissolução completa.

g) Processos químico-biológicos
Derivam principalmente da liberação de substâncias e do aumento na acidez da água de infiltração, que resultam da ação de microorganismos, plantas e tecidos animais e vegetais. O solo é um ambiente rico em CO2 em função da oxidação da matéria orgânica e da respiração das plantas pelas raízes. Esse CO2 em contato com a água das chuvas diminui o pH dessas águas dando maior poder de ataque às rochas alterando-lhes a estrutura.


AGRADECIMENTOS:
Meus sinceros agradecimentos a professora Anice Esteves Afonso, do departamento de Geografia da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, amiga e mentora, pelo carinho e pela revisão dos conceitos desse pequeno texto sobre um tema que ela, como professora de geomorfologia, domina tão melhor do que eu.
Obrigado.

REFERÊNCIAS:

[1] TOLEDO, Maria Cristina M. et al. Decifrando a Terra. Ed. Oficina de Textos. São Paulo. 2002. pp.: 140-148.

Nenhum comentário:

Postar um comentário